No dia 19 de março de 2011 vivenciamos mais uma triste experiência na cidade de Curitiba. Reunidos em uma confraternização no Parque São Lourenço, os estudantes de História da UFPR foram surpreendidos pela ação violenta da guarda municipal de Curitiba que, longe de permitir qualquer tipo de diálogo, utilizou-se de muita violência para manter a ordem que o churrasco dos estudantes estaria, teoricamente, transgredindo. O absurdo da ação policial já se revela no efetivo deslocado para cuidar de tal questão: 10 viaturas da guarda municipal, armados, foram chamadas para conter a churrascada dos historiadoriadores. O resultado foi muitas pessoas agredidas e um estudante detido.
Frente a esse fato, nos perguntamos, afinal, a que(m) servem aqueles que se denominam os defensores da ordem? Poder-se-ia afirmar que a ação dos guardas refletiria uma falta de preparo. Nós, por outro lado, achamos que isso reflete, sim, a existência de um preparo. Um preparo específico para a função que o Estado preconiza para suas forças policiais - para além da própria guarda municipal. Sabemos quais os sujeitos escolhidos para receberem o preparo despreparado da polícia, e quais tem todas as suas faltas perdoadas.
A lógica do sistema em que vivemos, como nos dizia Brecht, privatizou nossa vida, nosso trabalho, nossa hora de amar e nosso direito de pensar, agora demonstra cada vez mais privatizar o lazer em nossa sociedade. De forma sistemática, vemos episódios de repressão à manifestações culturais da juventude - mesmo quando não deliberadamente políticas, como seria de se esperar - em espaços públicos. Cada vez mais é afirmado pelo Estado, de maneira indireta, que o lugar para se confraternizar e divertir são espaços privados.
Frente a essa agressão, ainda que possa ser encarada como um ato isolado, nos leva a atentar para as ações repressivas do Estado como um todo. Sabemos que não são só os estudantes as vítimas de intervenções policiais, que atingem com veemência a juventude pobre e os movimentos sociais. Temos, assim, que nos solidarizar e estar lado a lado àqueles que sofrem com a ação das forças do Estado.
Pela punição dos responsáveis pelas ações de violência contra os estudantes de história!
Contra a ação repressiva do Estado às expressões culturais da juventude!
Contra a criminalização da juventude e dos movimentos sociais!
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Grupo Tortura Nunca Mais - PR
Sociedade DHPAZ - Direitos Humanos para a Paz
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