segunda-feira, 25 de abril de 2011

Via Ong Católicas pelo Direito de Decidir:


ONG usa a arte para sensibilizar população paulistana sobre os direitos das mulheres e a questão do aborto
A ONG feminista Católicas pelo Direito de Decidir tem usado a arte para sensibilizar a população sobre os direitos das mulheres. Em 2010, a organização desenvolveu projetos para informar as pessoas sobre questões acerca da violência contra as mulheres. Em 2011, com apoio do Fundo Social Elas, Católicas pretende usar recursos artísticos para incentivar a reflexão e o debate público sobre o aborto.

O tema, ainda polêmico, é considerado pelas autoridades da área da saúde e pelo Governo Federal como um problema de saúde pública no país que precisa ser acompanhado, estudado e tratado com seriedade. Apesar de importante, o tema é pouco debatido, o que gera dúvidas, insegurança e preconceito entre as pessoas.

Para tratar do assunto de forma educativa, a ONG fará intervenções teatrais em ruas da capital e da Grande São Paulo ao longo do ano, sendo que as primeiras apresentações acontecerão no dia 28 de abril (5a feira). As demais estão previstas para ocorrer em maio, junho e setembro próximos. As performances, encenadas pelos atores do grupo teatral Impávida Troupe, abordarão questões do cotidiano relacionadas ao aborto legal ou inseguro como gravidez, maternidade, paternidade e acessos aos serviços de saúde.
Além de marcar presença nas ruas de São Paulo por meio da arte, a ONG mantém o blog 'Sede de Quê?' no qual são publicadas informações, notícias e artigos sobre o aborto no Brasil.

Por que falar sobre o aborto?

Nas últimas duas décadas, foram realizados muitos estudos e pesquisas sobre o aborto no Brasil. A mais recente delas é a Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), realizada em 2010, com mulheres entre 18 e 39 anos em áreas urbanas de todo o país. A pesquisa revela que mais de uma em cada cinco mulheres brasileiras já fez aborto, sejam elas católicas, protestantes, evangélicas ou de outras religiões. O estudo foi realizado pela Anis (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero) e pela UnB (Universidade de Brasília) e financiado pelo Fundo Nacional de Saúde. Tal estimativa pode ser ainda maior se considerarmos que a pesquisa coletou dados somente no espaço urbano.
Vale lembrar que, de acordo com o Ministério da Saúde, uma mulher morre a cada dois dias em decorrência do aborto inseguro, que é a terceira causa de mortalidade de mulheres no Brasil, afetando principalmente as que são pobres, negras e jovens. Em algumas cidades como Salvador, o aborto inseguro é a primeira causa de mortalidade materna.

Embora os números sejam alarmantes, a população ainda é pouco informada sobre o tema e o debate é marcado por ideias e argumentos morais e religiosos que não contribuem para a garantia dos direitos das mulheres e a melhoria das políticas de saúde sexual e reprodutiva. 

Não à toa, tramitam no Congresso dois projetos de lei que, se aprovados, influirão negativamente na vida das brasileiras. Um deles é o Estatuto do Nascituro que impedirá a realização de abortos até em casos de estupro, oferecendo pensão alimentícia à criança; e outro é o projeto que defende a obrigatoriedade do cadastramento de gestante no diagnóstico da gravidez, obrigando-a a ter sua vida reprodutiva vigiada.

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