Pouco menos de um ano atrás, no furor de criar polêmicas que o projetassem eleitoralmente, o Sr. José Serra criou um sério incidente diplomático, ao acusar o governo boliviano de ser cúmplice do tráfico de drogas.
Agora, matéria da Folha diz que o governo brasileiro negociava “há anos” um acordo entre a Bolívia e os Estados Unidos para monitoramento e represssão ao plantio ilegal de coca – cuja produção, para a mascação, é um hábito de séculos das populações andinas, nada tendo a ver com cocaína.
O acordo, que deve ser assinado em um mês, exclui a prática anterior dos EUA – absurda – de enviar agentes americanos para realizarem o combate ao plantio. Mas a cooperação americana é bem-vinda, na forma de equipamentos de de georreferenciamento por satáelite (GPS) e interpretação de imagens de satélite, que serão geradas pelo Brasil. Os dados serão propriedade do Governo da Bolívia, mas abertos à agência antidrogas da ONU.
Qualquer pessoa de bom-senso imagina o estrago que a irresponsabilidade e o eleitoralismo barato de Serra causaram nessa negociação, difícil, por envolver a soberania boliviana.
Se não o inviabilizou, felizmente, certamente o atrasou e dificultou.
O comportamento de Serra foi daninho e, na prática, retardou o combate ao cultivo ilegal. O mínimo que ele devia, agora, era pedir desculpas pela ofensa ao governo boliviano.
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