Artigo de Raphael Tsavkko no Diário Liberdade
Marcelo Vieira é lateral-esquerdo do Real Madrid (time conhecido por sua torcida fascista e por ter sido time do coração de Francisco Franco) e, até ontem, era dado como certo para disputar a Copa América e para os amistosos contra a Romênia e Holanda, no começo do próximo mês.
O corte na seleção seria algo normal se o jogador não tivesse se envolvido em uma polêmica recentemente por apoiar a causa palestina.
No dia 15 de maio, dia da Nakba, ou Grande Catástrofe, a criação oficial do Estado Nazi-Sionista de Israel, Marcelo postou em seu Facebook uma foto de um militante palestino com a frase "My heart with Palestinian now as they fighting with Israel” ["Meu coração está com os palestinos em sua luta contra Israel", em tradução literal]. Foi o suficiente para que o Facebook apagasse o perfil de Marcelo Vieira depois de pressão de sionistas.
Interessante é a ausência total de repercussão do caso no Brasil, assim como em blogs pelo mundo. O jornal israelense YNET divulgou o caso e alguns poucos blogs repercutiram:
"Os comentários na pagina do facebook nao demoraram a chegar. O status de Marcelo recebeu 544 'Curtir' – 'Like' –, e 351 comentários (em pouquíssimo tempo), parte dos internautas de países árabes agradeceu a Marcelo pelo apoio. Um homem chamado Tahrir Rajab escreveu: 'Todos os palestinos te amam, Marcelo'.
Outros comentários foram do estilo: 'Marcelo, você é demais'. Outros usuários aproveitaram a oportunidade para se lançarem contra Israel: 'Morte aos Sionistas', 'Morte a Israel'.
Chegaram a apelidar e 'honrar' o jogador com o apelido 'Haj* Marcelo'.
No fórum do Hamas, também se orgulharam da notícia sobre o comentário, e um dos internautas afirmou que o ato do jogador do Real Madrid comprova que a questão palestina é uma questão humanitária, que afeta todos os homens livres por todo o mundo. Outro usuário até ligou o apoio de Marcelo aos palestinos com o gol que marcou contra o time Villarreal, no 37º campeonato da liga espanhola", diz o site YNET.
O primeiro absurdo do caso é o fato do Facebook deletar a conta de um usuário por este manifestar solidariedade ao povo palestino. Que direito tem o Facebook de deletar a conta de alguém, sem aviso, por defender uma causa política legítima? Não é a primeira vez que o Facebook deleta contas de militantes políticos ligados à causa palestina ou mesmo à causa basca, movimentos sociais, de esquerda, etc.
O segundo absurdo vem da CBF e do corte do jogador logo depois de suas declarações. Será mera coincidência?
No Brasil, o caso não mereceu uma linha de destaque. Veja a opinião de colunista do GloboEsporte (http://globoesporte.globo.com/platb/olhotatico/2011/05/21/ausencia-de-marcelo-na-selecao-e-injustificavel/) que critica Mano Menezes mas nada informa sobre a eventual censura da CBF.
"É legítimo que o técnico selecione atletas de sua confiança, ainda mais para uma competição que ganha importância pela ausência do Brasil nas Eliminatórias e que terá o grupo reunido por um período mais longo. No entanto, Marcelo não tem histórico recente de indisciplinas graves nem atitudes irresponsáveis. E considerando apenas os aspectos técnicos e táticos, que devem prevalecer na análise de qualquer jogador, deixar o lateral-esquerdo do Real Madrid de fora é injustificável. A primeira grande bola fora de Mano Menezes na seleção".
*Haj - santificado. Haj é um título dado no Islã a todo homem que já visitou Meca. O título garante status de sacerdote e todos que o receberam podem ser reconhecidos através de sua vestimenta (bata) e de sua cabeça sempre coberta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário