domingo, 8 de maio de 2011

CUT e Fiesp se unem contra o tal de “mercado”

Via Carta Maior:
O Banco Central (BC) consulta toda semana de 90 a 100 instituições sobre as expectativas delas para inflação, crescimento econômico e taxas de juros, entre outros assuntos. É uma pesquisa que dá poder aos entrevistados. Suas respostas influenciam decisões do BC como, por exemplo, taxas de juros. Por isso, trabalhadores e empresários defendem mudanças no levantamento. Mas o BC discorda e diz que o modelo atual é importante e segue padrão internacional.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, afirma que ninguém é mais “mercado” – em tese, o setor de cuja opinião o Banco Central está atrás – do que a entidade sindical dele. “Eu tenho sete milhões de trabalhadores na CUT, como é que eu não sou “mercado?”, questiona Artur, que gostaria de ter seu ponto de vista levado em conta pelo BC.
Além de pedir modificações na pesquisa, conhecida como Focus, a CUT reivindica também um novo modelo para o Conselho Monetário Nacional (CMN). Formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do BC, o Conselho define, por exemplo, a meta de inflação que o banco persegue. É uma reivindicação que vem desde o governo Lula, sem sucesso.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, é outro que condena o formato e o poder da pesquisa. “Há muito tempo que o mercado montou uma rede de proteção social que só defende o valor da moeda”, afirma Skaf. “É preciso acabar com essa ditadura do Focus.”
Para os críticos da pesquisa, uma evidência do poder do “mercado” estaria no nivel de acerto – que os críticos acham “capitulação” – sobre as decisões do BC quanto aos juros. O levantamento tem o formato atual desde 2001. De lá para cá, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já sentou 74 vezes para discutir se mexia ou não no juro. A pesquisa acertou o resultado na mosca em 75% dos casos.
“Antes do Copom, há sempre uma ofensiva especulatória dessa pesquisa Focus”, diz a senadora Gleisi Hofman (PT-PR), da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Para o presidente do BC, Alexandre Tombini, no entanto, a pesquisa é importante, segue padrão observado em outros países e não passará por “qualquer mudança”. Segundo o BC, qualquer entidade pode participar da pesquisa, desde que mantenha, de forma permanente, um departamento de análises econômicas.

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